Autolesão na Adolescência : o que os pais precisam saber para agir com cuidado
- liucrispsi
- 25 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 31 de out.
Receber a notícia ou perceber que um filho está se machucando de forma intencional é uma experiência profundamente assustadora para qualquer mãe ou pai. A primeira reação pode ser de choque, negação, culpa ou desespero. Mas é importante saber: a autolesão não é “frescura”, nem um “pedido de atenção”. É um sinal de sofrimento psíquico real, e os pais têm um papel essencial no acolhimento e na busca de ajuda.
O que é autolesão?
A autolesão é o ato de machucar intencionalmente o próprio corpo — como cortes, arranhões, queimaduras, entre outros — sem intenção de suicídio. Embora não tenha o objetivo de tirar a própria vida, é um comportamento de risco e precisa de atenção imediata.
Geralmente, surge como uma forma de lidar com emoções difíceis, angústias intensas, sensação de vazio ou dor psíquica que parece insuportável.
“Machucar o corpo parece, para alguns adolescentes, a única forma de aliviar algo que está muito difícil por dentro.”
Por que isso acontece?
As causas são diversas e costumam envolver uma combinação de fatores:
Dificuldade em lidar com emoções como raiva, tristeza, culpa ou rejeição;
Sentimento de vazio, solidão ou desconexão;
Baixa autoestima e autocrítica severa;
Históricos de bullying, abuso, negligência emocional ou traumas;
Desejo de sentir algo quando há apatia emocional;
Influência de conteúdos nas redes sociais que romantizam o comportamento.
A autolesão pode estar associada a quadros como depressão, ansiedade, transtornos de personalidade ou experiências traumáticas — mas nem sempre. Cada caso precisa ser compreendido em sua singularidade.
O que os pais NÃO devem fazer
Não ignore ou finja que não viu. O silêncio pode ser interpretado como descaso.
Não reaja com gritos, punições ou ameaças. Isso tende a aumentar a culpa e o isolamento.
Não minimize (“isso é drama”, “quem quer se matar não avisa”).
Não exponha seu filho para outras pessoas como forma de punição.
Evite procurar “culpados” no primeiro momento — o foco deve estar no cuidado.
E o que os pais PODEM fazer?
1. Acolha com calma (mesmo sentindo medo por dentro)
Tente dizer frases como:
“Eu vi que você está se machucando e isso me preocupa muito. Quero entender o que está acontecendo e te ajudar.” “Você não está sozinho. A gente vai cuidar disso juntos.”
2. Abra espaço para o diálogo sem julgamento
Escute mais do que fale. Não pressione por respostas imediatas. Respeite o tempo e a dor.
3. Busque ajuda profissional o quanto antes
A psicoterapia, especialmente com profissionais especializados em adolescentes, é fundamental para oferecer ao jovem um espaço de escuta, elaboração emocional e desenvolvimento de formas mais saudáveis de lidar com a dor.
Se houver risco à vida ou suspeita de tentativas suicidas, procure atendimento emergencial.
4. Cuide da rotina e dos vínculos
Fortaleça o ambiente familiar com previsibilidade, afeto e presença. Estabeleça pequenos rituais de conexão e demonstre interesse real pelo que seu filho sente — não só pelo que ele faz.
5. Cuidado com as redes sociais
Converse sobre os conteúdos que ele consome. Não proíba tudo de forma abrupta, mas oriente e monitore. Alguns perfis ou grupos podem reforçar a autolesão como forma de pertencimento.
Autolesão é um pedido de socorro silencioso. E embora machuque profundamente os pais, não é o momento de reagir com raiva, culpa ou pânico — e sim com escuta, cuidado e ação.

Com apoio psicológico adequado, afeto familiar e tempo, é possível sim restaurar a segurança emocional e construir outras formas de expressão que não passem pela dor física. “Machucar o corpo não precisa ser a única forma de aliviar a dor. Há caminhos de cuidado, escuta e reconstrução — e você não precisa percorrê-los sozinho.”
Lilian Guedes Psicóloga (CRP 22/458)Especialista em psicologia do adolescente e psicoterapia infantojuvenil. Atendimento presencial em Salvador (BA) e on line em todo Brasil.
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